segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A FIGURA DO ALQUIMISTA, PERANTE A SEPARAÇÃO DAS CIÊNCIAS


Por: Irm.: Johannes Coelho


Se formos nos reportar as referencias que temos nos anais da história a respeito dos enigmáticos alquimistas, chegaremos à conclusão que esses sábios homens foram filósofos cientistas que através da busca pelo conhecimento das leis ditas naturais expressadas no mundo (macrocosmo) como conseqüências de uma causa maior, tentaram entender a sua natureza microcosmica; para com isso, virem a obter a formula e método de como transmutar o seu Ser e o meio em que se encontravam; em prol de uma comunhão completa com o Criador.

Eram Illuminados voltados para meios que antes não eram separados, cientes de que tudo deriva de um único principium, a verdadeira Ciência; indistinta de uma separação entre espiritualidade e ciência materialista.

Com a ramificação, deteriorização e alienação dos conhecimentos da fonte, muitas coisas foram levadas ao extremo do egoísmo; fazendo com que essas verdades fossem encobertas por fantasias daqueles que não queriam procurar a legitima essência a partir de analógias precisas.

Eis que conseqüentemente surgiu uma manifestação predominante da razão sectária credológica, nisso em muitos dos casos, aos leigos principalmente, foi imposta uma lei de aceitação inquestionável das teses teogonicas; onde a primordial ciência tinha sido subjugada pelos dogmas das formalizadas instituições que assumiram o termo de religião.

Com o ocorrido, muitos se revoltaram, e conseqüentemente problematizaram e elaboraram uma base de estudos separados do sagrado e espiritual; confundiram a essência do saber com as cascas dogmáticas e fantasiosas dos credos ideológicos; com isso, essas pessoas voltaram-se para uma razão e super valorização de uma lógica empírica, materialista, e em determinados caos, fanática.

Então eis que surgiu a era da critica da razão pura, o iluminismo e o apreço há um materialismo que naquele momento (e em outros) mostrava mais coisas obvias e palpáveis do que a religiosidade que oprimia, condenava, e matava em nome de um deus.

A ciência que surgia nesse período foi se formulando e tornando-se mais separada ainda do meio transcendente. Nessas transformações, de um lado prevaleceu a lógica material, e de outro ficou em seu canto a razão espiritual.

Com a repercussão dessa cisão, predominou as partes palpáveis e quantificáveis dessa ciência, ocorrendo isso com a astrologia que deu nascimento a astronomia (provavelmente com sua cisão no século XVII) e da alquimia que gerou a química. Hoje boa parte, com algumas exceções das ditas ciências estudadas nas academias e escolas, são de cunho limitados aos aspectos fatídicos do dia a dia.

Dentro desse contexto e levando em conta a figura do Alquimista ou estudante de Alquimia, ele é em sua natureza um cientista; pois o mesmo precisa entender o processo de transmutação física/química e elemental, para que com isso venha tirar proveito desse conhecimento e utilizar em seu processo de transmutação interior para a tão almejada obtenção da Grande Obra que só poderá ser obtida através da harmonia entre o que esta em cima ( O interior, logos superior) com o que esta em baixo ( O exterior, o mundo fatídico e a natureza).

Já o cientista, quando somente se reporta à dita ciência limitada, ele é somente um cientista, pois ao aceitar o limite cientifico, e somente seu caráter positivista, ele estará se tornando apenas um físico ou um químico, geneticista, etc. Mas se o mesmo é aderente a essa união que antes era inseparável; ele se enquadra há uma condição de estudante ou ao nível dos assim chamados alquimistas adeptos.

Temos como exemplo de Alquimista cientista o celebre ISSAC NEWTON, o mesmo transitou pelas ditas ciências ocultas, mas com objetivos bem pragmáticos e com instrumental digno de um pesquisador sério. Suas investidas pela alquimia levaram a importantes descobertas para a química moderna. Mas tudo que foi apresentado por Newton foi exposto sob um ponto de vista lógico em seus resultados mas não deixam de ser conteúdos embasados em teorias alquímicas e transcendentais, só que a ciência dita limitada de hoje, em muito dos casos teve (tem) a intenção de somente expor aquilo que pode ser usado como algo de valor desde que possa ser separada de seus aspectos mau compreendido pelas massas.

Newton em seus estudos da astrologia, reconheceu o seu valor e auxilio em relação a capacidade de enxergar o universo de forma mais aberta, culminando em conclusões importantes para a astronomia.

Em parte, sofremos a influencia do iluminismo de Voltaire (que segundo alguns era ligado ao Rosacrucianismo), que nos deu em destaque e visibilidade somente o teor racionalista de Isaac Newton. O outro lado da questão é devido à ultra-especialização de nossa cultura. O físico detém-se apenas à sua formação para compreender Newton, o químico idem, já o estudante ou o próprio alquimista sabe que para compreender a verdadeira forma de como obter a Magnus Opus é priori se impor acima de todas essas bases e unificá-las juntamente com o Transcendental; desde que esse não seja em totalidade algo dogmático.

Por isso que em muitos círculos Herméticos onde o Mestre instruía seu discípulo nas artes Alquímicas prevalecia a seguinte prelazia:

"ORA, LEGE, LEGE, RELEGE, LABORA ET INVENIER"

(ORE, LÊ, LÊ, RELÊ, TRABALHE E ENCONTRARÁS).







Podemos conferir em pesquisas que grandes cientistas foram exímios alquimistas, e que suas descobertas por terem tido uma grande importância para a evolução da ciência moderna, só foram expostas e reconhecidas em aspectos e funções que condiziam com ao que era aceito pela massa cientifica e limitada.

Dentre esses sábios não somente Newton, mas também...

· Santo Alberto Magno: 1193 – 1280 - conseguiu preparar a potassa caustica. Descreveu a composição química do cinábrio, do alvaiade e do mínio;

· Basílio Valentin: 1394-14?? - descobridor dos ácidos sulfúrico e clorídrico;

· Paracelso: 1493 - 1541- O primeiro a se referir a luz astral nos meios alquímicos, chegou a identificar o zinco; pioneiro na utilização medicinal dos compostos químicos, e descobriu varias formas de tratar doenças que assolavam a Europa no Séc XVI;

· Roger Bacon: 1214 – 1294 - Primeiro a desenvolver as Lentes ópticas;

· Raimundo Lúlio: 1233- 1316 – Alquimista que com maestria preparou o bicarbonato de potássio;

· Giambattista della Porta: 1535- 1615 - preparou o óxido de estanho II

· Abu Musa Jabir ibn Hayyan: 721– 815 – também conhecido pelo nome latino Geber, o primeiro a desenvolver um processo de destilação pefeito, alquimista islâmico proeminente, além de farmacêutico, filósofo, astrônomo, e físico. Ele também foi chamado de “o pai de química árabe” pelos europeus.

· Maria a Judia (ou Maria a Profetisa) uma antiga filósofa grega e famosa alquimista que viveu no Egito por volta do ano 273 a.C.. dizem que viveu na época de Aristóteles (384–322 a.C.); suposta criadora do banho Maria;

· Carl Gustav Jung: 1875 – 1961 – Incorporou os conceitos e simbologia da alquimia a psicologia analítica, comprovando a relação entre a arte da transmutação com a constituição da psique humana, através de seus arquétipos em interação com um inconsciente coletivo.

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